domingo, 27 de março de 2011

Só depois da meia-noite

Aposto que você não se lembra ou não costuma se lembrar muito bem dos sonhos que teve. Há tempos não me lembrava. Passei a sonhar acordada mesmo e, sabe? E bem melhor. Porque quando sonhamos acordados é possível fazer o sonho virar realidade. Construir sonhos necessita um bocado de loucura e um bocado de sensatez.
Sem um pouco de loucura não se vai a lugar algum. Nada mais enervante do que aquela pessoa que está sempre com os pés no chão. Não decola hora alguma. Não se entrega. E no fundo é tudo medo, esse sentimento primitivo, pai de todos os outros.
Como tudo em excesso é ruim, ter o pé no chão também ajuda. Façamos assim: percamos o senso só depois da meia-noite. Até lá, sejamos discretos, polidos, cheios de dedos como dizia a minha avó. A gente trabalha, sua perfumado. Ajeita os fios de cabelo com gel ou sabonete líquido no banheiro pra deixar aquela imagem limpinha na cabeça das pessoas. Ternos bem cortados, camisas com golas impecáveis. Colírio nos nossos olhos e nos dos outros que passam por nós com cara de "olha que pessoa legal", "fulana é tão elegante, né".
Aí, na hora do almoço a gente senta bonitinho e come bonitinho. Mastigando com cuidado pra não fazer barulho. Ninguém quer parecer o Mattew McCougney em cena (já viram ele naquele filme com a Sarah Jessica Parker? hum...dentes lindos, mas dava pra ver a comida sendo macerada, pedacinho a pedacinho...bleeergh!). Mas ninguém se importa de ser qualquer um em casa. Caetano já disse que de perto ninguém é "normal". Só que combinado é combinado: vamos deixar a normalidade só após a meia-noite, de preferência às quintas-feiras. Dia melhor pra perder a cabeça não há. Na verdade, já será sexta, né. Mas a gente prefere fingir que ainda é quinta e não se lembrar que às 5h a carruagem vai virar abóbora, já será quase dia de vestir taileur e ir pro matadouro de sonhos chamado escritório. Gente, gente, não to falando mal do meu trabalho. A-D0-RO o que faço. Mas vamos combinar que ninguém quer ficar empacotado num prédio todas as horas do dia.
Pra mim, que sou da escrita, que vim da reportagem de rua, tem sido uma experiência e tanto essa vida de comunicóloga corporativa. Aprendendo sempre, ta certo.
Mas nesta quinta, depois da meia-noite, vou enlouquecer e fazer algo inusitado e que me dê muuuito prazer. Só um pouquinho, ta.

Um comentário:

MYLA VITACCHI disse...

Pois é querida tem horas que a gente necessita de um pouco de loucura. Sabe gosto muito de escrever, conversar etc na minha cabeça sempre tenho a impressão de ter deixado de dizer algo importante. Fico pensando em quantas vezes segui meu coração e me dei mal e em outras que não segui e me dei mal também por isso por via das dúvidas sempre carrego comigo um pouco de emoção mesclada com razão mas jamais me deixo dominar por nenhuma delas. sigo o instinto pois é ele que desde que a humanidade existe, que nos faz permanecer vivos. Sigo a receita : duas doses de emoção, uma dose de razão e o dobro de instinto tem dado certo, parabéns pelo blog beijo
Myla Vitacchi