quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um grande talento

Gostaria que todos ouvissem comigo.  São suas canções simplesmente lindas, numa interpretação maravilhosa de uma grande cantora: Adele.
Boa noite!

http://www.youtube.com/watch?v=xBcMKwbMEcQ



segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Como foi eu não sei, só sei que foi assim"

Xicó tinha toda a razão do mundo. Tem coisa que a gente finge que sabe. Sabe aquela frase? Fingir de bobo pra viver? Então. Tem dias em que a gente passa quase o dia todo assim, se fingindo de besta pra levar a vida. E nessa eu acabo de me lembrar do relato do Zeca, sábio das rodas de samba, que manda deixar a vida levar a gente.
Outro dia, atravessando a rua, vi uma velhota de bengala e cabelos brancos seguindo pela pista, entremeio aos carros, indiferente ao sinal que piscava dizendo que o tempo de pedestre - parco tempo aliás - estava no fim do fim.  Ela nem aí. Continuou no ritmo, levando sua sacolinha - sacolinha não, ecobag please - rua afora, rumo ao outro lado da rua. A gente, do lado de cá, aflita, e Dona Josefina - este era o nome dela, toda calma, com a mãozinha em riste, como se fosse o próprio guarda de trânsito e se dar passagem com toda a autoridade de seus cabelos cor de neve. Taí uma hora em que ser velho neste país compensa. Buzinaram, claro. Mas ninguém que se atrevesse a passar por cima que seria linchado, no mínimo. Josefina nem arfou. Arrumou o coquete do outro lado, ajeitou a ecobag e foi-se para a aula de yoga com a paz do próprio Crishna, não sem antes fazer um aquecimento leve e acelerar - isso mesmo - numa corridinha tipo 1-2-1-2, no meio do Parque Ecológico da Pampulha.
Vez por outra me deparo com gente assim, que sem ferir sucetibilidades, consegue o que quer. Meu amigo Newtinho, que escreve quando em vez por estas plagas, me contou uma de um senhor outro dia. Diz-se de um antigo vereador curvelano ou coisa que o valha, cujo nome não me ocorre agora, que era um detentor desse dom de fazer-se de besta para sobreviver. E com que esmero. Tanto que bem mereceria o apelido de Xicó, o famoso personagem de Ariano Suassuna, no magistral Auto da Compadecida.
O tal que não tinha nem pretendia ter carteira de motorista, já diriga fazia tempos sua belina velha (acho que era esse carro mesmo). Pois então. Um dia, foi pego numa blitz. Mão apontando para o acostamento, o guarda aproximou-se da janela. "Seus documentos, por favor". Não se tratando de conhecido, um espanto pois no interior todos se conhecem, o vereador logo olhou nos olhos do guarda, com as feições de fazer inveja ao Gato-de-Botas do Shrek: "quero primeiramente dizer ao senhor que é para mim uma honra sem tamanho, ser parado por tão importante autoridade! Saiba o senhor que isto não é para qualquer um!".  E o guarda: "Obrigado, mas gostaria de ver os documentos". "Sim, respondeu, mas o senhor fique sabendo que a estas horas, ser parado assim, com essa distinção toda, por uma autoridade da sua envergadura, me faz ter a certeza de que nossa cidade está em boas mãos e que posso seguir tranquilo, pois a segurança pública está indo de bem a melhor! O senhor não está aqui abanando mão na beira da estrada à toa não! Está no estrito cumprimento do seu dever, isto sim! E que honra par amim testemunhar este labor". E o guarda: "Sim, meu senhor, mas o senhor pode me mostrar os documentos do veículo?".
Qualquer um teria desistido, mas a qualidade de fazer-se de bobo era maior no vereador em questão. "Sim, claro, eu poderia lhe dizer senhor guarda, se fosse educado para tal despropósito, que os esqueci em casa. Mas este não é o caso. Isto porque fui educado na mais alta confiança de meus pais, que descansem em paz! Fui educado sob a guarda da Santa Madre Igreja, dos princípios que não me permitem mentir. Acaso o senhor gostaria ou acharia correto que eu lhe mentisse? Acaso eu seria verdadeiramente honesto e digno de sua presença se eu mentisse ao senhor, uma autoridade tão distinta?". E o guarda: "Claro que não, vereador. Mesmo porque sei que o senhor não mente, não é?". "Pois então, meu filho, a verdade nos liberta! E eu não lhe cobrirei com o véu da mentira. Pois que não tenho os documentos do veículo nem aqui nem em parte alguma".  E o guarda: "Então ficarei satisfeito, senhor, se me mostrar sua habilitação".  No que se seguiu: "E assim segue minha epopeia, meu caro. Porque a verdade deve continuar à tona. Não serei eu a manchar esta farda com uma peça, inventando carminholas para expor-lhe ao ridículo mais tarde. Não! Terei a nobreza que lhe fará jus, que faz jus aos meus pais, à minha fé, à esta cidade que honro na Câmara Municipal. Não serei eu a mentir-lhe dizendo que esqueci em casa. Eu poderia dizer: esqueci na mesa da sala quando saí, ou esqueci na venda do João, ou esqueci no bolso do meu outro paletó, ou coisa assim. Mas não, meu caro representante da Lei! Sou deveras devoto da verdade para escondê-la sob o manto negro da mentira. Acaso o senhor gostaria disso? Acaso aprovaria a mentira? Estaria eu sendo correto e demonstrando honestidade, mentido ao senhor? Não considera ser mais bonito de minha parte ser-lhe fiel ao fato de que realmente não tenho habilitação e que me ponho a serviço do povo correndo riscos?"
Pois no fim das contas, o tal venceu. Com a verdade, claro. Mas com a verdade a seu modo.
Fingiu-se de besta como tantos de nós, a grosso modo o fazemos todos os dias. Xicós e vereadores, senadores, homens comuns  e nem tão comuns. Todos pesados na mesma balança da esperteza. Pois é...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Fiquei de cabeça virada... mas valeu a pena!


Gente, não tem desculpa pra moleza. Mas depois do show desses caras, não dava pra fazer muita coisa. Fiquei paralisada por uma semana, só ouvindo... o som da massa naquele estádio iluminado pelas garras do U2.
Bono, The Edge e Cia não decepcionaram. Pelo contrário, encantaram e reencantaram pessoas do Brasil e de fora do Brasil (encontrei dois paraguaios e uma uruguaia no Morumbi no show de domingo, 10 de abril). Pulei e gritei tanto, chorei e me emocionei tanto, sofri e sorri tanto, que no fim estava exausta de mim mesma. Nunca passei por algo assim, tão arrepiante. Ficamos nós seis - eu e minha turma - hipnotizados durante as duas horas e quarenta minutos do show. Isso sem falar na Muse, banda que eu não conhecia e fez jus à escolha para abertura do 360°.
Indescritível é o adjetivo que encontrei para o cenário e para o que se seguiu após a entrada dos rapazes da Irlanda no palco gigantesco que parecia querer nos abraçar. Me senti e me sinto fisgada. Não consegui falar noutra coisa a semana toda e, provavelmente, vou falar disso por muito e muito tempo, até ficar chata. Agora, neste exato instante, enquanto escrevo essas maltraçadas linhas, ouço "I still haven't found what I'm looking for", cuja letra corresponde exatamente ao momento pelo qual eu e muita gente está passando. A busca pelo que te completa ainda está longe de acabar. E enquanto a tão esperada festa do encontro não acontece, a gente vai se divertindo e fazendo acontecer o melhor da espera. Aliás, muita gente acredita que o melhor da festa é esperar por ela. Eu digo que em alguns casos é, sim.
Estou muito feliz por ter alcançado mais um ítem da meu Caderno de Receitas para ser Feliz. Agora, é correr atrás do resto que esta vida é curta. Eu já estou na pista. E você?
Falando nisso, olhem só o video que achei no Youtube. Já imaginaram estar num karaokê como este?
BONO VOX CANTANDO EM UM BAR KARAOKÊ EM SAMPA!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Webserie Mizuno: os tambores estão rufando

De repente o site da Mizuno mudou. Webseristas Mizuneiros de plantão logo se alvoroçaram na net: "Gente, gente, tem novidade lá!". Não é pra menos. Só quem vive de pista, respira pista e quem quer entrar pra essa turma sabe o que é participar de um troço desses: afinal quem não quer correr em Amsterdam?
Até me esqueci da viagem a Sampa para o show do U2. Meu coração acelera como se estivesse disputando os 100 metros rasos. A Baldaia que me perdoe, mas até ela sofreria de taquicardia diante de tamanho suspense.
Agora é fuçar tudo, respirar o que sai lá. Claro, as dicas são fantásticas e tudo o mais que a Mizuno tem oferecido aos corredores - iniciantes como eu, principalmente. Gente que não calçava um par de tênis desde os vinte e poucos anos, gente que só andava de quatro rodas, gente que passa hooooooras com a busanfa numa cadeira de frente pra tela do pc, gente com filho, cachorro, marido, papagaio e tudo o que uma família sendentária tem e que não nos deixa respirar fora das quatro paredes a não ser quando vamos ao supermercado. Gente que quer sair do mundinho do salto alto para pulsar mais forte nas ruas e avenidas transformadas em pistas. Gente que quer virar mizuneiro. E que rufem os tambores...
Companheiro é compaheiro, mizuneiro é mizuneiro. Por isso, pra ajudar a esquentar ainda mais, quem frequenta este blog e ainda não se ambientou ao mundo dos runners, please: passa aqui ó no BLOG DA MIZUNO, onde a minha colega (posso dizer isso porque sou jornalista de canudo e tudo também, viu?) Dani Hirsh, conta tudo sobre sua experiência dentro de um par de tênis.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Manifesto de Mizuneiro

Tum-tum/ tum-tum...
Abro os olhos/é manhã/pro chuveiro/acordar/calço o tênis/visto a roupa/vou malhar/abro a porta/desco a escada/subo a rua/vejo a estrada/na batida/da passada/canto a música/sinto o vento/roubo o tempo/do relógio/olho a reta/faço a curva/penso alto/quero mais/meus limites/o trabalho/a fatura/o espelho/a fissura/as crianças/a escola/pesadelos/catapora/a passada/piso certo/corro um mundo/vou pra longe/deixo tudo/para trás/a estrada/a passada/eu comigo/meu melhor/do relógio/roubo o tempo/eu por dentro/quero mais/sou capaz/vou no ritmo/olho a curva/pego a reta/pego a chuva/lavo a alma/o portão/a escada/abro a porta/to em casa/pro chuveiro/num segundo/tiro o tênis/fecho os olhos/mais um dia/coração.
Mi-zu-no/Mi-zu-no/Mi-zu-no...
Texto: Lidiana Braziolli