terça-feira, 31 de agosto de 2010

Os pulos do gato

Tem gente que sempre tem desculpa pra tudo. Descobri (não riam!) que sou assim também. Ando, nessa beira dos 4.2, des-cobrindo muita coisa a meu respeito. E boa parte delas não é tão boa assim de descobrir, não. Como diz a própria escrita, tirar a coberta de cima de si mesmo dá trabalho e exige um tiquim assim de coragem, viu?
Pois não é que euzinha sou mesmo muito da enrolada? Me enrolo em planos mirabolantes para sair dos sufocos em que eu mesma me coloco com todo o prazer desse mundo.
Digo: isso nunca mais!, aquilo mais nunca!, e, quando vejo, ó eu lá toda entrevada de novo, do mesmo jeitim que estava antes. Não é nada fácil aceitar minha incapacidade de cumprir as promessas que faço. Inclusive as que faço a mim mesma e, estas, com mais frequência e na maior cara-de-pau.
O uso indiscriminado do cartão de cruz-crédito-avemaria! era uma das coisas constantes da minha lista de morte. Ressuscitei-o sem o menor problema, embora uma luzinha vermelha piscasse lá fundo, mas lá no fundinho da minha cabeça, dizendo "PERIGO! PERIGO!". Em nome da "necessidade da hora"  e todas as desculpas imagináveis, fui tratando de apagar a luz e ir pagando todos os desejos impulsivos com ele, o cartãozinho maldito. Meio minuto depois, estou me sentindo a Beck Bloom ,  pagando os pecados num arrependimento que parece não ter fim. E isso é só uma lembrança perto do resto. Nesse resto cabem os fins de semana dedicados a uma instituição beneficente, os passeios com a Morena, a prática de cooper, a confecção do painel de fotografias da familia e por aí vai.
A gente sabe-se muito pouco. Dizem que pra saber de fato quem uma pessoa é, você tem de apertá-la. O mesmo vale pra o contrário: afrouxe, dê corda, ou um cartão de crédito novinho e vai ver direitim onde é que ela vai dar - especialmente se for uma mulher sem a mínima noção do perigo. Subir, descer, isso não é problema. O pulo do gato é manter-se no meio. Aliás, os pulos, porque isso é coisa que nos acontece a toda hora. E verdade seja dita, o tal do equilíbrio não é coisa pra todo mundo.
Estou rezando todos os dias - minha Nossa Senhora que me escute aqui de novo, porque dizem que todo desabafo solitário é também uma oração - pra que eu consiga chegar a esse ponto aí, de saber direitinho o que é mais importante, mirar nele e zás! Chegar lá. Pra isso é preciso se equilibrar entre pode e não pode, sim e não (e isso não inclui um talvez).
Atingir as próprias metas é coisa pra quem é bom gerente de si mesmo. É  matemático, como tudo que Deus criou (reparem bem que em tudo nessa vida tem um número). E euzinha sempre fui ruim de matemática.  A física não era minha amiga, com todos aqueles cálculos, aquela lógica... Me apavorava a figura do Professor Tião chegando com a pilha de provas bimestrais. Tanto, que uma de minhas melhores lembranças do colegial foi o dia em que ele me entregou a prova final dizendo: "até que enfim alguém resolveu entender matemática". Ufá! Será que consigo isso também aqui, na vida real de adulta, com tres filhos, ex-marido, namorido, cachorro, trabalho, trânsito e um montão de contas a pagar?
O Guima tinha mesmo toda a razão quando disse que "viver é perigoso". Alguém aí se sente assim de vez em quando?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Boa noite...

Preciso de coisas belas

Tom já cantava: "é melhor ser alegre do que triste/a alegria é a melhor coisa que existe". E ele tinha toda a razão. Meu coração tropical está partido de neve, doidinho pelo calor da alegria. Tenho ficado meio melancólica esses dias. O tal do inferno astral não perdoa. Hoje são 24 e eu já estou de asinha caída...
Comi uma barrinha de chocolate. Não resolveu... Prazeres momentâneos são momentâneos. Ces't la vie! Mas não há de ser nada. Amanhã tô boa. Falta de dinheiro, dor de cabeça e cara feia me deixam desalegre, mas não a ponto de perder o passo.
Enquanto Alegria não chega, vai aqui uma lembrança boa. Minha avó Lídia dizia: "nada como lembrança boa pra acalmar os pensamentos...". E tacava água de alfazema - ai que saudade! - que ela dizia ter cheiro de coisa boa e que limpava a alma da gente. Pois é, vó. A senhora aí de cima deve tá achando que sua neta aqui pirou na batatinha. Mas essa foto aí, tirada na década de 1970, me traz uma coisa boa que só vendo... Agachado ao meu lado (sim, essazinha aí com cara de desconfiança, sou eu) está o meu pai, depois de uma boa pescaria no Rio das Velhas (a anzol, vara e molinete, que fique claro, pois rede é coisa pra frouxo e inimigo do rio). Ao nosso lado, envergado sob o peso de um surubim pintado de 51kg, está o amigo de beira de rio, Dom Gê. Bons tempos, né meu pai?
Então. Só de ver, já me sinto melhor. Xô, bruxa do baixo astral!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Oi!

Pois é. Fiquei esse tempo todo longe daqui desse espaço, mas tem uma justificativa. É que em tudo nessa vida é preciso aplicar um tantinho assim de distanciamento de quando em vez. Isso é o que minha professora de filosofia, Vanda, dizia ainda quando eu tomava aulas no Colégio das Irmãs Clarissas Franciscanas, lá em Corinto, interiorzão de Minas.
E ela tinha mesmo razão. A maravilhosa escritora Adélia Prado, que volta a nos brindar com um livro - Campo de Névoa  (Ed. Record) -  depois de dez anos sem publicações, disse em certa entrevista concedida a não me lembro quem, que ela tinha o hábito de testar a qualidade de seus escritos assim: escrevia e os esquecia na gaveta por uns tempos; depois voltava lá e lia. Se ainda fossem tão bons quanto no dia em que escreveu, é porque se podia publicar ou  mostrar a alguém. Pois então eu fiquei adepta desse método por um bom tempo, até conhecer esse tal de blogger. Aqui a gente vai pondo a tinta no papel, ou melhor, as palavras na tela, e antes mesmo de dar o ponto final as coisas já estão no mundo. Por isso, depois de passar semanas e semanas sem falhar um diazinho sequer, me deu aquele estalo da Adélia. Fiquei de longe, só olhando, passeando pelo mundo virtual alheio e passando os olhos no meu cantinho, enquanto também punha ordem na casa e nos meus pensamentos.
Hoje vou convidar todo mundo pra um chá, retomar as prosas e escrevinhanças. Como se diz na minha terra: inté!
*Biografia e foto tiradas do site Releituras.com

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Meu número

Cinco é meu número preferido. Não sei por que. Mas gosto dele. Gosto de suas formas e de como ele parece aconchegante com essa barriguinha e simpático como se sorrisse o tempo inteiro.
Elegi ainda pequena o tal número como meu. Sempre foi o nº da minha sorte. O de escolha nas rodas de brincadeira. O de enumerar amigos. O de mostrar defeitos. O de rosas para os vasos. O de gostos. E de desgotos.
Também é o nº de coisas que considero fundamentais para um dia ser feliz:

1 - Acordar em paz
2 - Dar e ganhar beijo de filho
3 - Ganhar uma lambida da Morena
4 - Comer bem
5 - Dormir bem

É o nº de coisas necessárias para um mês ser completo:

1 - Praticar cinco boas ações sem compromisso com a identidade dos benficiados
2 - Dar pelo menos cinco "bom dias" com entusiasmo
3 - Dar e ganhar pelo menos cinco abraços sinceros
4 - Enfeitar a casa com flores pelo menos cinco dias do mês
5 - Passar pelo menos cinco e-mails gentis

É o nº de coisas para um ano ser perfeito:

1 - Colocar em dia pelo menos cinco contas atrasadas
2 - Colocar em dia o bate-papo com pelo menos cinco pessoas queridas
3 - Rezar pelo menos cinco ave-marias por quem se diz seu inimigo
5 - Dar cinco beijos novelescos no amor da sua vida ou alguém que mexa de verdade com você

Esse número não é mesmo perfeito?
E você? Quais foram as cinco coisinhas legais que te aconteceram hoje, hein?
Abracejos!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ti-ti-ti

Vi esta novela nos anos 80. Foi um marco da minha adolescência. Com ela despertou-se meu gosto por moda, decoração e tudo o mais. Vibrava a cada aparição de um modelito, uma nova grande invenção do Victor Valentim (meu preferido) e com as trapalhadas e frescurinhas do Jacque Leclair.
Ambos os personagens (aí na foto) estão impagáveis na atuação de Murilo Benício e Alexandre Borges. O diretor Jorge Fernando acertou em cheio ao preservar a trilha dos anos 80 (aliás, ainda não sei quem canta True Colors, antes interpretada pela cibernética Cindy Laupper). Acertou no elenco, inclusive ao convocar atrizes e atores da outra versão, como é o caso da musa Malu Mader e do Luiz Gustavo, que antes viveu o próprio Victor Valentim, e agora está na pele do atrapalhado Mário Fofoca. Aliás, a pegada desse personagem foi genial, pois nos tempos de hoje uma investigação seria muito mais fácil e ardilosa com câmeras digitais de última geração e escutas minúsculos. Mas Mário Fofoca é avesso às novas tecnologias! Genial o escritório com a velha máquina de escrever e o X de esparadrapo no computador!
Confesso: voltei a ser noveleira por conta de Ti-ti-ti. Chego em casa correndo e quando não dá pra ver, vejo o capítulo no site Telebrasil  em HD. Bom, né?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Boa noite...

As meninas do pirulito

Estou com saudade do tempo em que tudo era mais simples. A gente saía de casa pra trabalhar e não precisava se preocupar em trancar a porta. Estou cansada das pencas de chave que carrego todos os dias. O tilintar delas na minha bolsa me lembra o tempo todo como estamos inseguros.
Quando saio pela manhã, rezo e penso no quanto me faziam rir as meninas aí da foto. Uma delas é minha filha, então com 14 aninhos. Isso no rosto não é tinta. É um creme da mãe de uma delas, afanado displicentemente para compor a máscara de beleza, que acabou virando brincadeira de molecas num sábado tranquilo de interior. Se intitulavam "As meninas do pirulito". Trio inseparável que me povoava a casa e sempre tinha alguma aprontação. Se tinham de dormir uma na casa da outra, era só ligar pra mãe ou pai de uma delas e pronto, estava tudo resolvido. Ninguém se preocupando com pedofilia ou anomalias desse mundo cada dia mais cruel, apesar de bonito.
As minhas meninas cresceram e me fazem muita falta. Como faz falta a simplicidade de chegar em casa sem precisar abrir dois portões e duas portas antes de chegar e ganhar um abraço dos filhotes e uma lambida da Morena. Alguém aí concorda comigo? Abracejos!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Boa noite...

Gentes, eu sempre digo aos meus filhos que as coisas boas devem ser copiadas e partilhadas. Já as ruins, a gente deve fingir que não viu. No mundo virtu a gente vê tanta coisa linda, né. E é só delas que quero sempre falar aqui, embora às vezes seja inevitável um baque, uma chacoalhada pra ver se o mundo pega no tranco...rsrs... Bem, o blog lindinho da Andrea Guim é desses que sempre nos passam coisas boas, imagens de refrescar a alma de qualquer cristão cansado da lida. E ela tem uma tirada fantástica, que é dar um "Bom Dia" a todos os leitores com uma imagem bonita, que como dizia o Odorico Paraguaçu nos bons tempos do Paulo Grancindo, "nos deixam com a alma lavada e enxaguada". Inspirada na ideia da Guim, o Blog da Lili, a partir de hoje convida a todos para seu "Chá de Boa Noite". Afinal, tão bom quanto acordar com um belo café ou flores lindas, é também ir dormir depois de um chazinho gostoso, preparada com carinho e bom gosto por quem a gente gosta. É isso. Comecem o dia com a Andrea e durmam com o nosso chá!
Boa Noite...
Abracejos!

Portinari para todos

Essa imagem aí chama-se Café e é uma reprodução do inconfundível Cândido Portinari. Cheguei até ela hoje por conta de um textinho que fiz aqui no trabalho, a respeito dessa bebida que faz parte da cultura brasileira e de sua história. O poemina intitulado Perfume de Café, depois eu mostro. O melhor é que por essas coincidências da vida, folheando o jornal Folha de São Paulo, hoje encontrei uma matéria assinada por Silas Marti, de Pinhais (PR), sobre uma fábrica de reproduções chamada Recriar. A danadinha é das poucas que conseguiram no mundo a autorização da família do incrível pintor brasileiro, para reproduzir as obras em telas, panos e outros artigos. Corri ao site da dita cuja e conferi. "Café" e outras lindas imagens estão lá. Dizem que até o tal misterioso e belo "azul Portinari", tão esfuziante na Igrejinha da Pampulha aqui em BH, eles conseguem reproduzir nas cópias, com fidelidade elogiável. Fiquei azulzinha de vontade de comprar uma... Por enquanto vi com os olhos e lambi com a testa colada na tela, como diria minha tia Geralda. De modos que exibo a gravura, pra deixar todo mundo informado sobre a possibilidade de decorar - yes, we can! - as nossas singelas paredes com essas maravilhas da arte brasileira e outras internacionais.
Como não acredito em acasos e, sim, em coincidências programadas, recordei que no fim de domingo, assistindo o Faustão, as telas de Portinari estavam lá, enormes, como fundo de tela do ex-gordinho global, embelezando um programa de povão. Agora, pelo que se sabe, há possibilidade de Portinari ir parar, com assinatura e selo de autenticidade, sob pratos na forma de sousplat, ou até em pinduricalhos de chaveiros. A aldeia global está cada dia mais democrática. E a decor agradece. Quem disse que gente comum e remediada não pode ter bom gosto? Ao invés de Louis Vuitton, Portinari!