domingo, 1 de setembro de 2013

APARA-DORES

Bom, esse post já deveria ter sido feito há pelo menos três semanas, mas nunca é tarde para contar coisas boas aos amigos, não é?  Passei esse tempo aparando as dores de ter um membro da família dodói - AVC são três letrinhas que não significariam muita coisa separadas, mas juntas fazem um estrago e tanto na vida da gente. Falando em dores, calha bem esse novo uso para um velho móvel de pau-ferro que encontrei jogado no fundo do quintal do meu pai. Era um balcão onde meu avô Braziolli, marceneiro de mão cheia, aprontava das suas. Não fotografei o dito cujo na sua vida pregressa (rsrsrs). Mandei o carroceiro lá buscar e o moço quase não acreditou quando eu disse que ia aproveitar aquilo. "Ô, Dona Lidiana, a sinhora não  incomoda d'eu perguntar modequê  a senhora vai querê esse troço todo sujo de lama e velho, não?", falou ele enquanto me ajudava a carregar "o troço" pra dentro de casa. Aí eu contei que ia "botar as minhas dores pra correr, usando velhas lembranças do meu tempo de criança". Ele ficou sem entender do mesmo jeito. Mas disse que ia voltar pra ver o resultado. Sabe que agora, vendo o móvel na minha sala da janta, cheguei à conclusão de que não haveria mesmo um nome mais adequado para essa coisa. APARADOR - que bem podia ser escrito assim: APARA-DORES. Porque foi enquanto eu pus a mão nele, pra transformá-lo em algo bom e útil, que eu pensei nas minhas dores mais sentidas. Lavei, lixei, retirei umas coisas que estavam podres, deixei apenas o que prestava, a madeira boa e forte que nem prego conseguia perfurar. Pintei, lixei de novo, envernizei. Sem perceber, fiz o mesmo comigo. Daí, também concluí que com gente tem uma diferença: coração de gente às vezes é pior que pau-ferro.  Tem de ter uma paciência danada e mesmo depois de todo o trabalho, é preciso de vez em quanto refazer ou retocar, pra que o brilho da alma não seja apenas um vernizinho por fora.  E aí está, pra vocês e pro seu Zé da Carroça, o resultado. Compartilho porque achei bastante interessante como resgatei o que há de melhor em mim, enquanto resgatava esse móvel do fundo do quintal do meu velho pai. Beijos e um abraço quente a todos.
 
Escova pra a limpeza...

 
Água e esforço físico limpam tudo...até a alma


Uma velha porta de armário de cozinha que uma amiga lá de Beagá me deu faz mais de um ano...


 
Tirei o puxador...



Dá pra imaginar o que vai acontecer com ela?

 

 
Pincel e tinta látex branca (latinha pequena, Coral, 23,00, na Nova Cores)

 
O branco é a cor da paz mesmo...

 
Enquanto branqueio o velho móvel, algumas outras coisas também vão ficando claras...

 
Um pouco de tinta azul-pacífico (também da Coral, 23,00, na Nova Cores) e lixa fina pra dar uma carinha de móvel de fazenda usado, transformaram o antigo balcão de marceneiro do meu avô Braziolli e fez um conjunto bem bonitinho com os meus banquinhos velhos, que pintei com as crianças há uns dez anos...

 
Meu aparador agora apara muitas coisas boas: a garrafa de vodka tem um azul tão lindo que não resisti - virou vasinho de flores de madeira lá de Cabo Frio (RJ), que ganhei da minha tia-amiga-comadre Ana Maria. As galinhas de madeira são da Oficina Dedo de Gente (Curvelo-MG), o boizinho de cerâmica é da Natal (RN), o porta-balas de vidro trabalhado ganhei da minha irmã, Giovanna, o porta-retratos carrega as fotos antigas da família - incluindo uma da formatura da minha mãezinha, ainda no curso de Magistério do Colégio das Clarissas Franciscanas (Corinto-MG), e embaixo, a bandeja de vidro e crochê - um trabalho lindo feito pela minha prima Ana Paula (Goiânia - GO).

Um comentário:

Guta Peres disse...

Comadre, vc sabe mesmo fazer bonito. Parabéns!! Eu e Clode tb estamos ressuscitando algumas coisas aqui para o nosso quarto, depois de mostro.