segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vesperata em amarelo

Inspirada e cutucada pela blogueira sensível Ragiane (Design & Decoração), vai aqui minha vesperata da Primavera, que faço em homenagem ao ipê amarelo (esse aí da foto), minha árvore, cujo exemplar cresce vigoroso lá no sítio e em todo o cerrado mineiro (ainda):
"Sou do cerrado. Do sertão mineiro que inspirou Guimarães Rosa. Tanto que foi na cidade em que cresci - Corinto - e na em que nasci e vivi por 15 anos - Curvelo, que foram gravadas as principais cenas da minisérie global "Grande Sertão: Veredas", retirada  da obra-prima desse mestre das letras. Assim como tenho orgulho disso, tenho também um prazer enorme em contemplar os ipês amarelos que florecem entre agosto e setembro. Como o mandacaru, que "fluora na cerca" anunciando que a chuva chega no sertão (ai que linda poesia de Gonzagão e Zé Dantas!), aqui nessas bandas o ipê florece garboso no meio do cerrado, nas praças e ruas, berrando com  suas flores de amarelo-gema: "sorriam, a Primavera está chegando, minha gente!". E aí não tem quem não se alegre, que não tire do rosto nem que seja uma lasca de riso, que não desfrise o cenho, que não tire o risco da testa ao colorir os olhos com tamanha formosura. Debaixo do céu de inverno de um azul celestial gritante, tinge o ipê as nossas vistas e as calçadas com seus raios emprestados do sol. Aos ipês devoto a nossa condição de princesas e rainhas do sertão. Porque em agosto a magia da transformação nos retira do casulo amarronzado como as crisálidas que se dão o direito de brilhar também. E vamos, nas manhãs de agosto, pisando nos raios solares em forma de flores pelo chão, como deusas. Vejam só: nós, mulheres simples do sertão mineiro.
Contemplar um ipê no auge de sua floração é como se tivesse à vista humana sido dada a permissão de contemplar o astro-rei na sua glória. Porém, sem sofrimento algum, sem termos que enlouquecer como Van Gogh em seus surtos de amarelo. O cerrado, retorcido e brusco, amolece e nos abraça, com pingos de sol disfarçados em ipês florindo aqui e ali, em meio ao cinzel e à mata verde-oliva. E assim, para nós, do cerrado mineiro aqui fincado sob o sol escaldante, a Primavera tem a sua majestade antecipada, como se, agradecida por ainda lhe permitirmos a visita, quisesse  partilhar conosco  um de seus grandes tesouros."
Lidiana Braziolli

Um comentário:

Susy Alves disse...

Oi Lili, nossa quando eu era pequena morava num bairro que todas as ruas tinham nome de árvore e algumas casas tinham a tal na frente. A minha era Rua dos Ipês n°60 (rs!) Amo a árvore até hoje, adoro como nessa época do ano o chão fica coberto que nem um tapete (o meu era rosa)

Querida, vim responder também sua perguntinha, então o acetato aqui em Mogi vende numa papelaria bem grande que também vende uns artigos de artesanato (interiorrrrr, se sabe né?! "misturança") Mas acho que em papelarias grandes deve vender.
Depois me conta se conseguiu, comprar e fazer, tá?!

beijão!