quarta-feira, 23 de março de 2011

Aprendendo a dizer "NÃO"


Tenho uma amiga que vive às voltas com problemas de relacionamento. E não se trata apenas de amores e desamores. Do cachorro pudle ao seu chefe, todos estão na sua lista amarela: aquela das pessoas às quais ela simplesmente não consegue dizer "não".
Pois bem, outro dia num desabafo ela me disse que estava cansada de tudo. Perguntei se esse "tudo" me incluía. E aí  descobri que eu também fazia parte da lista amarela. Aproveitei para pensar no assunto e descobri que como amiga eu tinha obrigação de alertá-la para o mal que estava fazendo a si mesma. Resolvi discutir o tema, começando pela nossa amizade. Comecei dizendo que eu também tinha uma lista amarela que até aquele dia eu não sabia que existia. Ela jurou de pés juntos que eu não fazia parte da sua. Nesse momento eu aproveitei pra pedir a ela um favor: "me empresta aquele seu vestido azul? Tenho um coquetel e ele é perfeito!". Lógico que eu sabia que aquele era o vestido da vida dela. E eu não tinha coquetel algum pra ir. Foi automático: "Claro...".
Soltei uma gargalhada diante daresposta positiva e cheia de pesar. É como se eu lesse na testa dela: "mas logo esse vestido? você sabe que eu nunca o emprestaria a ninguém... como pode me pedir isso? E se eu disser que não...". Ela ficou me olhando sem entender os motivos da risada. E aí eu me expliquei.
Minha amiga e eu tivemos uma conversa franca. A mais franca de toda a nossa vida. O motivo aparentemente fútil - o empréstimo de um vestido de festa - foi tema de um longo bate-papo sobre nossa amizade e sobre o modo como tratávamos os nossos demais relacionamentos. Ela admitiu que até o cachorro da casa tinha poder sobre a sua vontade.  Que o marido sempre a convencia de tomar vinho  quando iam jantar fora, quando o que ela queria era comer churrasco regado a chopp gelado. Que a roupa que vestia naqueles encontros não tinha nada a ver com o jeans e camiseta que ela gostaria de vestir num fim de semana a dois. Que os filhos estavam começando a se aproveitar dessa sua fraqueza, especialmente no tocante às saídas de fim de semana. E que o seu chefe a estava sufocando com pedidos impossíveis de serem atendidos, mas aos quais ela sempre dizia "sim" por achar que dizer "não" poderia colocá-la em uma situação constrangedora ou pouco simpática com o superior. Daí pra um desabafo sobre a escolha da carreira, do apartamento e até do homem com quem se casou, foi um pulo.
Amigos servem para ouvir e quase sempre tendem a se aconselhar. E foi isto que eu fiz. Pedi a ela que pensasse em como isso a estava ferindo e colaborando para a baixa autoestima. E sugeri que começasse a treinar a sua autoafirmação começando com o cachorro - vamos combinar que o coitadinho seria o mais fácil de sair da lista amarela.
Se doesse demais, não ia ter fluoxetina nem ombro de amiga que resolvesse. E aí, procurar um bom analista seria  a saída. Também lhe dei o livro "Não diga SIM, quando quer dizer NÃO", do Dr. Herbert Fensterheim. É bom, pode crer. Palavra de quem está aprendendo todos os dias a impor limites às suas vontades e, principalmente, às dos outros.

Um comentário:

MYLA VITACCHI disse...

Puxa Lili
esse negócio é mesmo complicado não é?!
na verdade nunca sabemos quando dizer sim ou não. Estamos aprendendo e sofrendo com os erros. Mas, penso comigo que nada é pelo acaso, nossas decisões são muito importantes para definir nosso futuro.
Eu mesma, sofro com tudo isso. Tem pessoas que não consigo dizer não para elas e outras, já não consigo dizer sim! rsrsr.

Enfim, vamos levando e aprendendo tentando dar o melhor de nós. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas, aprendendo a jogar esse jogo complicado da vida.
beijinho proce!
já pensou nós duas companheiras na MIZUNO. eita.. vou te ensinar todo o vocabulário MINEIREIS.. uai! beiju