quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sobre esse tal Sr. Tempo


Renato Russo já dizia que "temos nosso próprio tempo". Mas não haveremos de negar jamais a máxima "ainda somos e vivemos como os nossos pais" (salve!salve! Belchior e afins). Meu tempo está mesmo corridíssimo, me fazendo crer que 24 horas não bastam mais para o nosso santo dia.
Falando sério e dando a cara a bater, juro que eu poderia muito bem fazer melhor uso dos minutos que me dão dados "todos os dias quando acordo". Confesso, sem medo do castigo dos caros leitores, que minha ruminância de certos temas que já deveriam ter conquistado um lugar na lápide da minha memória tem sido culpada por boa parte da perda desses incontáveis minutinhos - dos quais vivo me queixando. E me queixo do quê?? De não ter mais tempo para trabalhar? De não ter mais algumas horas para gastar em frente ao pc? De não ter 25 ou 26 horas disponíveis para suprir minha fome de informação e teclados?
Uma matéria no Jornal Hoje (Rede Globo) essa semana mostrou que a maioria das pessoas consegue ficar apenas 10 minutos concentrada em suas atividades no trabalho e que pelo menos 15 minutos são "perdidos" em outras atividades consideradas "não-produtivas". Fiquei com muita pena da gente, como eu e você leitor, que trabalha tanto e no fim das contas ainda é abordado com esse negócio de "tempo perdido". Sabe de uma coisa? Estou cada dia mais convencida de que tenho perdido realmente muito tempo com coisas que daqui a alguns anos vão me trazer um baita arrependimento.
Esse blog é uma prova do quanto isso ja me traz angústia. Adoro escrever. Penso que os blogs foram a mais fantástica criação do mundo virtual e a mais importante ferramenta da internet, depois do email. O ponto alto da liberdade de expressão. E nem a ele tenho me dado o direito por conta da tal falta de tempo. No mesmo rol coloco a viagem de fim de semana com meus filhos, a visita àquela amiga no sul do país, a reunião com os colegas de faculdade que não vejo há 15 anos, os quadros que por enquanto estão sendo pintados apenas na minha mente, a volta a Milho Verde que é ali pertinho (mas parece que fica no Tibet), aquela reportagem sobre a prostituição infantil que me prometi fazer quando passei no vestibular para jornalismo (velhos tempos da PUC de BH!), a carta de agradecimento à uma amiga que enviou uma tela linda baseada no Van Gogh há alguns anos, os cuidados com minhas plantas na varanda, que já desistiram de mim e assim a lista segue...
Definitivamente, não sei cuidar do meu tempo. Vivo à base de promessas: amanhã eu ligo, amanhã eu faço, amanhã escrevo, amanhã eu bordo, semana quem vem eu pinto, no mês que vem eu teço.
Preciso aprender a encontrar esse tal de Sr. Tempo. Alguém aí se habilitar a me ensinar?
Ah... deixa eu adivinhar: estão sem tempo, né?

2 comentários:

M Martini disse...

Pronto! Aqui estou eu arrumando mais um motivo para atravancar o meu congestionadíssimo ...tempo! Fazer o quê, se não resisto a um texto enxutinho e saboroso nas minhas vistas d'olhos, zapeando pela rede?
Daqui prá frente darei minha passadinha diária para ver o que a Lili anda matutando, para lançar flores e, também para jogar as eventuais pedras para compensar esta minha vida de vidraça. rs
Salve o Blog da Lili!

Fernando Gripp disse...

Lili,
Talvez esse seja o maior dilema do homem moderno. Criamos tantas coisas e não temos o tempo para usufruir nossas criações. O grande problema é que estamos cada vez mais frustrados por isso.
Parabéns pelo blog.
Visite o meu: http://passadicovirtual.blogspot.com/