domingo, 9 de agosto de 2009

"SE NÃO OS TEMOS, COMO SABÊ-LOS?"


Tenho pensado frequentemente se os nossos filhos saberão lidar com a vida adulta. Esse, eu creio, deve ser o dilema de 9 entre 10 pais. Tenho pensado se não errei ou ando errando demais com eles, no modo como os corrijo, no modo como os protejo, no jeito como falo sobre o certo e o errado, enfim se tenho sido uma boa mãe.

Outro dia meu irmão, numa conversa dessas bem francas, me disse que a maioria dos pais coloca os filhos na escola particular porque na verdade quer não ter de se preocupar em cobrar boas notas e olhar cadernos ou porque não tem tempo pra isso. Trocando em miúdos, pagamos para que outros façam o nosso papel. Não concordei. Sinceramente, não sei se num país onde a grande maioria das escolas públicas não tem um mínimo de segurança nem para os seus professores e cujos profissionais não ganham nem um terço do que deveriam, poderia garantir a segurança e qualidade de aprendizado aos seus alunos. Também não se pode ignorar o fato das universidades federais terem os estacionamentos lotados de carros do ano (e não são dos professores). A concorrência por uma vaga ( que é 50% daquele lugarzinho ao sol tão sonhado para o futuro) é cruel com os estudantes das escolas públicas e bastante benéfica com os frequentadores de cursinhos particulares. É fato. Não sei se gostaria de inserir minha filha nos mínimos números das estatísticas nacionais sobre alunos de escolas públicas que conseguiram passar no vestibular (hoje camuflado de "Enem" ) das grandes universidades.

Tenho pensado se fazer tantos sacrifícios - como os que meus pais fizeram para eu entrar numa faculdade - não está fazendo de mim uma mãe permissiva demais ou exigente demais. Ela tem só 16 anos, é linda e cheia de vida. Em tão pouco tempo, já sofreu por amor - fato que eu acompanhei com o coração mais doído do que se tivesse sido transpassado por uma lança. Não há nada que faça uma mãe sofrer mais do que a impotência diante da dor de um filho. Mesmo que essa dor seja a dor da desilusão do primeiro amor.

Tenho pensado se tenho inteligência, força, coragem e sabedoria o suficiente para fazer de meus tres filhos pessoas bem sucedidas e bem resolvidas. E esse pensamento sempre me ocorre naquelas situações de crise em que é preciso ser rigoroso ou em que uma questão ética se apresenta. No minuto exato tenho toda a certeza de minha posição e no seguinte já me coloco em dúvida.

Queria muito poder dar sempre as respostas certas e tomar as decisões mais corretas, mas nem sempre isso acontece e aí eu sofro ou me penitencio. De algumas coisas, pelo menos, tenho certeza: de que não há sensação mais gostosa ou mais bonita do que sentir o cheirinho do seu filho, o som da sua risada, o toque em seus cabelos e o calor do seu abraço. Por essas coisas a gente é capaz de tudo.

Até de passar por uma idiota, que de repente começa a achar que não sabe mais nada sobre a vida.

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